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UMA VIAGEM PELA HISTÓRIA DE UM DOS EDIFÍCIOS MAIS FAMOSOS DE SÃO PAULO

Marcela Frese Teixeira

A tarde do domingo 20 de setembro marcou um momento especial no Festival A Vida no Centro, ao dar acesso aos espectadores a uma transmissão online e ao vivo do terraço do Edifício Martinelli.

O tour promovido pela diretora da CoPlayers Comunicação, Gê Rocha, em parceria com A Vida no Centro, foi apresentado pelo historiador Edson Cabral, que começou como porteiro do edifício há 19 anos e desde então se tornou membro de seu setor de relações públicas.


“É sempre uma honra estar aqui para falar do homem visionário e empreendedor que foi o Giuseppe Martinelli”, assim Edson Cabral começa o tour com a história do criador deste edifício considerado um ícone da arquitetura paulistana e que, de 1929 até 1945, foi considerado o prédio mais alto da cidade de São Paulo.

O Edifício Martinelli completa 91 anos em 2020 e conta com um terraço de 1200 metros quadrados de área livre, onde foi construída a casa de Giuseppe Martinelli, com 15 cômodos e quatro andares. Ao todo, o prédio conta com 30 andares e 130 metros de altura.


Giuseppe Martinelli foi um italiano que veio ao Brasil com 19 anos de idade, morou com o irmão no Rio de Janeiro e foi trabalhar em Santos nas mais diversas áreas. “Em trinta e poucos anos já havia adquirido uma frota de navios e casas bancárias, mas seu sonho continuava vivo, de fazer esse prédio que não só marcasse São Paulo e o Brasil, mas a América Latina”, comenta Edson.


A história do edifício começou no ano de 1922, quando Martinelli conheceu um engenheiro húngaro e fizeram um projeto de 14 andares. Não satisfeito, o italiano vendeu todos os seus navios e reuniu a equipe para exigir que a fundação do prédio fosse para 30 andares, independente da autorização da Prefeitura ou da Justiça. A história chega em seus altos e baixos e Edson envolve a transmissão em uma narrativa detalhada enquanto caminha pelo terraço, coloca-se no lugar de Martinelli, com falas em primeira pessoa e a interpretação de quem vivenciou o momento, o que cativa os telespectadores.

Visionário, ele tinha como meta fazer uma obra que marcasse a vida da cidade ao ponto de acompanhar obras até em outros países. Assim Edson interpreta a visão de Martinelli: “O que me preocupa é o da Argentina, estão fazendo o prédio mais alto da América Latina, vamos esperar terminar a obra e continuamos”.


Após falência de seu engenheiro, embargos da Prefeitura, pausas na obra para evitar perder o posto de maior prédio da América Latina, Edson conta que em 1929 foi concluído 90% da obra e Martinelli conseguiu morar no nono andar com sua família, para mostrar que o local era seguro.


Edson, enquanto vai relatando essa incrível jornada, parecia contar uma história de ficção, em que Martinelli perdeu toda a fortuna na queda da bolsa de Nova York, tentou recuperar o prédio em um leilão e “no lance final, um grupo de corretores tirou o sonho de suas mãos”, mas a realidade envolvia o telespectador à medida em que as imagens percorriam as estruturas do edifício e a vista do terraço.


A morte do homem que deixou nome no legado da arquitetura paulista e como sua herança foi administrada pelos seus filhos parecia ser o fim do tour, mas Edson ainda tinha muito o que contar, havia a história de como “o prédio foi do luxo ao lixo”, como chegou a ter ossada de corpos em um poço de 30 metros de altura e como “o prédio ganhou vida e se tornou o que é hoje, uma administração excelente, bom síndico, com três mil funcionários e obras para melhorar cada vez mais”.


“Olha a extensão, a arquitetura eclética, cimento da Suécia e Noruega na cor rosa, é um prédio feito à mão com muito amor”, comenta o entusiasta narrador.

As portas de pinho-de-riga da época, o mármore de Carrara, o ladrilho hidráulico artesanal, todos os elementos que compõem a construção foram exibidos à medida em que o tour era finalizado, o pai dos arranha-céus mostrava seu luxo degradado com o tempo, mas como Edson complementa, “a história não pode morrer, o mundo todo conhece o Edifício Martinelli, brincamos que vai passar de mil anos de tanto que é bem feito”.


Muitos engenheiros, arquitetos e estudantes vão ao local para ter a mesma experiência que Edson transmitiu pelo Festival, ainda que os detalhes sejam melhor apreciados presencialmente, o online não impediu que as pessoas se sentissem no local. Os elogios nos comentários resumiram o tour e Edson finalizou com um convite para visita após a pandemia, visto que “a nova concessão deve trazer museu, café, bares e lanchonete, o que deve melhorar o edifício cada vez mais”.

Uma viagem pela história de um dos edifícios mais famosos de São Paulo: Trabalhos
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