TOUR VIRTUAL ANHANGABAÚ FALA DO NOVO E VELHO ESPAÇO DE LAZER

Duda Blumer

Os amantes do centro da cidade de São Paulo, principalmente do Vale do Anhangabaú, estavam sentindo falta das visitas aos prédios históricos e das histórias que o local guarda. Mas graças ao Tour Virtual Anhangabaú, guiado por Zeca Nunes e organizado pelo Festival A Vida no Centro, realizado nos dias 19 e 20 de setembro, essas pessoas puderam, de forma segura, acabar com essa saudade.

Os que passeavam pelo Vale ou até mesmo atravessavam o local todos os dias foram impedidos disso desde junho de 2019, quando começaram as obras no espaço. As reformas estão em reta final e têm o objetivo de permitir que o espaço seja usado como uma opção de lazer e permanência, não apenas passagem.

A professora e educadora, Edna Monteiro, participou do Tour Virtual pelo Vale do Anhangabaú e acredita que o espaço do centro é de todos. “Apoio a iniciativa para reocupação do centro de São Paulo. É um lugar de passagem, deixou de ser um local de convivência”. E acrescenta sobre a iniciativa do festival: “O projeto tem essa intenção de mostrar que o espaço público do centro serve pra conversar, passear, passar bons domingos. Para usufruir e não só passar”.

O TOUR VIRTUAL

Mas a novidade, não só do tour pelo Vale do Anhangabaú, mas todo o evento do Festival A Vida no Centro, foi o uso total de plataformas online para sua realização. Com a utilização do Zoom, plataforma de videoconferências e do Google Earth, aplicativo com tecnologia de apresentação do globo terrestre, o guia turístico Zeca Nunes do @omelhordesampa cuidou de tudo para que a experiência virtual fosse tão boa quanto a presencial.

Durante a pandemia, Nunes, que é apaixonado pelo centro de São Paulo, tem feito diversos outros passeios virtuais e diz que este modelo garante uma boa interação com as pessoas. “Ainda que você esteja na sua casa, é muito legal a experiência do chat, particularmente neste tour".

O espaço do chat é tão importante quanto a apresentação. Ali ocorrem encontros. “E foi com esse espaço que Zeca proporcionou a cada um dos mais de 100 participantes passear por toda a extensão do Vale do Anhangabaú de dentro de casa. Nunes ainda acrescenta sua expectativa para este novo mundo virtual: “O tour virtual vai ser uma linguagem específica. Ele chegou pra ser uma coisa em si mesmo”.

Mas se não fosse assim talvez a carioca Laurismar Portela não teria a oportunidade de fazer o passeio. Ela diz que tem um grande carinho por São Paulo e já fez algumas visitas pelo centro, mas gostou especialmente dessa. “Muito bacana a oportunidade de fazer o tour virtual. Não posso ir até aí agora, mas a cidade veio até mim”. Ele acrescenta que espera poder vir até a cidade ano que vem para aproveitar do novo espaço do Vale do Anhangabaú.

UM LOCAL DE TODOS

O Tour Virtual chamou a atenção de pessoa de diferentes grupos. Como é o caso do skatista profissional, Murilo Romão. “Sei da importância do lugar para a comunidade do skate, então estou sempre de olho em tudo que falam sobre”. A comunidade dos skatistas era uma das únicas que já utilizava do local para lazer e permanência. Mas com a nova versão do Vale do Anhangabaú, o espaço pretende oferecer isso para todos, de forma que o local acompanhe as transformações da sociedade.

Zeca Nunes analisou o significado da transformação do Anhangabaú para o centro de São Paulo. “O Anhangabaú é a expressão do que a cidade está passando, é a expressão da mudança”, disse.

Antigamente, o espaço não tinha muito o que oferecer além da característica rural e periférica, mas com a ascensão da economia paulistana com o café, o Vale teve que acompanhar as transformações, fator crucial para a construção do famoso Theatro Municipal e do Viaduto do Chá. Mas quando a cidade foi adquirindo características urbanizadas e de desenvolvimento, o local deu espaço à passagem dos carros com grandes túneis e avenidas, o que tornou tudo apenas um grande local de passagem, seja de carros pelas ruas ou de pessoas pelas pontes e plataformas.

O Vale que abriga tantas histórias de anos atrás vai também guardar a nova história: da população que mudou mais uma vez e que agora pode usufruir de um espaço para permanecer. Edna e Laurismar representam essas pessoas, ambas garantem que vão  usufruir deste espaço quando estiver pronto. Além disso, Edna ainda confirma que projetos e iniciativas como a plataforma a Vida no Centro ajudam a comunicar ao cidadão que esse espaço agora é dele.